quarta-feira, 16 de junho de 2010

Elizabeth Badinter


Dica de livro: leitura.
Em seu livro “Um amor conquistado – o mito do amor materno”, Elizabeth Badinter, nos mostra que o amor materno não é “dado”, mas como o próprio título diz, algo a ser “conquistado”. Toda a argumentação do livro se baseia no fato de que o amor materno como nós o conhecemos atualmente, é uma construção histórico-sociológica recente. Os estudos e pesquisas realizados pela autora demonstram que de uma certa forma, em diversos momentos históricos, a mãe possuía um papel mais biológico (de procriação), do que propriamente afetivo, como acontecia nas sociedades francesas dos séculos XVII e XVIII. Assim que a criança nascia, independentemente da classe social a qual pertencesse, ela era entregue a uma ama de leite, que se tornava a pessoa responsável pelos cuidados afetivos e de sobrevivência, até o momento em que por volta dos cinco anos, seria novamente entregue a seus pais, não sendo raro que esse período se estendesse até o início da adolescência. Badinter concluiu que contrariando o que se pensa atualmente, a dedicação e o interesse pelo mundo infantil não estiveram presentes em todas as épocas. A maternidade como a percebemos hoje em dia é uma ‘aquisição moderna’, resultado da evolução social das sociedades industriais a partir do século XIX. O conceito de uma ‘construção do amor materno’ faz sentido se pensarmos que o papel da mulher sofreu transformações muito rápidas em um curto espaço de tempo. A mulher ’saiu de casa’, entrou no mercado de trabalho, conquistou espaços, e por mais paradoxal que possa parecer, é interessante notar que nunca esteve tão próxima de seus filhos como atualmente. Nesse sentido fica realmente bastante claro o quanto o amor materno é muito mais fruto de condições emocionais. A maternidade deixou de ser encarada como uma obrigação biológica, para ser percebida como uma escolha afetiva.

Monica Guberman Raza
Psicóloga Clínica

Um comentário:

Mah Sakura disse...

Parece ser bom amiga.